Para os nascidos neste século e aqueles nascidos na última década do século passado pode ser considerado novo. Para os mais velhos, não.
Foram raras as partidas da seleção nestes últimos 23 anos que jogando contra adversários respeitáveis chegaram a nos entusiasmar enquanto que “antigamente” era quase que habitual. A nação quase que parava quando o Brasil jogava.
Havia a expectativa de jogadas brilhantes, de empenho, de dedicação, de postura defensiva, de ataque decisivo e, principalmente, de muita criatividade dos jogadores com a responsabilidade de “carregar” e alimentar o time.
Esperava-se que os jogadores molhassem a camisa e que os adversários (quase todos) tremessem porque sabiam da diferença de nível técnico. Enfim, dia de jogo do Brasil era dia de festa. Podia preparar o churrasco e a cerveja porque era só alegria.
O tempo passou e o panorama mudou.
Os talentosos foram sendo substituídos pelos “trogloditas”. A habilidade pela força física (tamanho passou a ser documento). Nas peneiras, baixinho não tinha vez (que perigo para Pelé e Maradona). A pressão imobiliária extinguiu os campos de várzea (hoje os jogadores são formados nas quadras dos condomínios ou em “escolinhas”). Os bebês masculinos antes de terem registro de nascimento passaram a ter empresários. O sonho passou a ser ganhar em dólar e não em ser jogador da seleção.
E nesta terça-feira viu-se o ressurgimento de tudo o que estava guardado no passado. A seleção esteve de volta ao passado. Principalmente no primeiro tempo, quando Portugal mostrou que o jogo não era amistoso coisa nenhuma. Viu-se garra, disposição, luta, empenho, dedicação, seriedade e, pela primeira vez, o verdadeiro Neymar.
Aquele de 3 anos atrás. Ágil, ligado, habilidoso, alegre, objetivo (está faltando a dancinha). Na jogada do seu gol deixou os portugueses atordoados. A defesa toda procurou cercá-lo sem conseguir e ainda colaborou desviando a bola do goleiro. Gol maravilhoso que nos encheu de alegria e de muita esperança.
Claro. Estamos escaldados. Estamos com medo de que tenha sido uma leve brisa. Estamos desconfiados. Temos, porém, a esperança de que não seja só um sonho e de que o Campeão voltou.
Waldo Braga