A história do Smart, vendido no Brasil a 52.500 reais na versão sem turbo mas com todos os opcionais disponíveis, é sem dúvida interessante. Trata-se de um carro inteligente. Quanto a isso, não há nada a discutir. Idealizado por Nicolas G. Hayek, no ano de 1994, para resolver o problema do estacionamento nas metrópoles, teve uma infância muito difícil, desde seu lançamento comercial ocorrido em julho de 1998 (tinha sido apresentado no salão de Frankfurt em 1997). E, ao contrário dos relógios Swatch (outra invenção de Hayek), que foram logo um grande sucesso, esteve ameaçado de desaparecer. Seu motor era um concentrado de tecnologia, com 3 cilindros, e apenas 599 cm³ de cilindrada, mas duas velas por cilindro, câmbio sequencial de 6 marchas, turbocompressor e 55 cavalos a 5.250 rpm, com torque de 8,1 kgm a 2.000 rpm e velocidade limitada eletronicamente a 130 km/h por questões de segurança (notadamente a relação altura de 1,55 metros e o entre-eixos de apenas 1,8 m).
A luz no fim do túnel começou a aparecer quando Hayek aceitou, na “joint-venture” estabelecida com a Mercedes, que a firma alemã incrementasse sua presença na empresa, denominada MCC (Micro Compact Car), de 51% a 81%, graças a um aumento de capital que passou de 200 a 500 milhões de francos suíços.
A saída do túnel acabou acontecendo mais tarde e se consolidou em fins de 2006 quando foi lançado o novo modelo, que aumentou 20 cm em seu comprimento, e ganhou ainda maior impulso em 2009 com uma atualização tecnológica, com motores (tanto o aspirado, como o turbo e o diesel, este último não disponível entre nós) mais econômicos (destaque-se, neste item economia, a presença do “start-and-stop”, que desliga o motor quando o carro para, por exemplo num semáforo, e o religa quando o motorista pressiona novamente o acelerador). E finalmente, no ano passado o Smart foi objeto de uma re-estilização.
A versão vendida aqui (na Europa tem uma mais barata, com potência limitada a 61 cavalos) tem um motor 1.0 de 71 cavalos de potência a 5.800 rpm e torque de 9,3kgm a 4.500 rpm, com injeção de gasolina no coletor de admissão, duplo comando de válvulas com VVT, cabeçote e bloco em alumínio, câmbio sequencial de 5 marchas, freio a disco ventilados na frente e a tambor na traseira e rodas aro 15 em liga leve.
Foi esse modelo, na versão de entrada para o Brasil, que testamos aqui em São Paulo. Tínhamos muita curiosidade em fazê-lo, já que, por exemplo em Roma sentimos muitas vezes de perto, desde seu lançamento, como ele resolve o eterno problema do estacionamento. O Smart permite criar (ao arrepio da lei, é bem verdade) lugares para estacionar, por exemplo bem perto de uma esquina, ou então colocando as rodas traseiras na calçada. Aqui naturalmente não experimentamos essa solução, mas pudemos sentir como ele é desprezado pelos demais motoristas, que o fecham sem o menor cuidado, isso sem falar de caminhões e ônibus que parecem nem mesmo enxergá-lo. Mas seu tamanho reduzido permite colocá-lo onde outros carros não cabem…talvez isso seja o fator que desperta certa raiva dos demais usuários.
Rodando na cidade é mais agradável deixar o câmbio de 5 marchas na função automática, em subidas congestionadas desfrutar de seu “Hill Holder” (imobiliza o veículo o tempo necessário para reacelerar) e contar com o bom sistema de freios, que naturalmente tem ABS e EBD (este último para melhor distribuição do esforço), e do controle de estabilidade, o conhecido ESP. Mas um de seus pontos altos é o reduzissimo diâmetro de giro : são apenas 8,8 metros, o que permite muitas manobras em espaços vedados a carros por assim dizer normais.
Quanto à economia, depende muito da forma de dirigí-lo, mas, sabendo desfrutá-lo corretamente, seu tanque de 33 litros parece inesgotável.
Uma derradeira observação diz respeito à suspensão, projetada para rodar em pisos lisos e uniformes…aqui em São Paulo, isso não é encontrado.
Smart, um carro inteligente
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