Somente carros caros, com preços acima de 100 mil reais, podem se dar ao luxo, no atual mercado brasileiro, de não oferecerem motores com a tecnologia flex-fuel, que permite usar tanto álcool puro como a mistura álcool-gasolina que nos é empurrada, por uma decisão governamental que me deixa muito bravo, guela (ou tanque, como preferirem) abaixo quando vamos abastecer nosso carros. Pois nos tira a possibilidade de escolher o combustível que julgarmos mais adequado. Mas esta é uma questão política, que portanto foge do contexto de nosso site.
Assim pouco a pouco, todas as montadoras aqui presentes estão se adequando ao mercado e passam a oferecer carros com motores flex. Mesmo as que chegaram mais recentemente não puderam resistir a isso e tiveram que se curvar à lógica do mercado.
Nesse contexto, a chinesa JAC apresenta agora uma versão esportiva de sua gama de produtos o J3S, com seu motor de 1.499 cm³ e 125 cv (com gasolina) e 127 cv (com etanol) podendo usar qualquer um dos dois combustíveis presentes nas bombas, visando ganhar assim uma maior presença nas vendas. Um motor que oferece 15,5 kgfm (com gasolina) e 15,7 kgfm (com etanol) de torque, fato que é sentido logo no primeiro contato com o novo carro, e que se destaca, como só os mais modernos de seus concorrentes, por não necessitar do tanquinho de gasolina para a partida a frio, seja qual for a temperatura externa.
Numa análise cuidadosa, porém, este não é o único trunfo do J3S, embora seja o que inicialmente pode atrair mais o consumidor. Em minha opinião, o sensível incremento da qualidade do acabamento, sobretudo interno, e as modificações no visual se constituem em outros tantos polos de atração. E se somarmos a isso a quantidade de itens que, em carros de preço semelhante ou são opcionais ou nem mesmo são disponíveis, concluiremos que este J3S se tornou um carro bem interessante.
Claramente pesa, no aspecto negativo, a imagem que ainda existe entre nós do carro feito na China, mas isto é coisa que, ao lado do valor de revenda, só mudará com o passar do tempo.
Dito isto, vale recordar que o carro apresenta um motor muito agradável quanto à curva de fornecimento de potência, um câmbio de relações corretas e engates precisos, uma estabilidade adequada a seu perfil. E um conforto que o acerto da suspensão melhorou bastante, em relação ao modelo aqui apresentado inicialmente dois anos atrás. A este respeito vale recordar que foi também revista a pressão indicada para os pneus (185/60 R 15), que era de 36 lb/pol² e agora baixou para 32. Isto para a condição de plena carga, o que vale dizer (fizemos a experiência) que uma pressão de 28 lb/pol² é mais do que suficiente se rodarmos apenas com motorista e mais um passageiro. Com isso o fora-de-estrada representado pelas calamitosas ruas de São Paulo fica mais aceitável, embora às vezes ainda nos faça lembrar a família de nossos governantes. Por outro lado, a frenagem é adequada e a presença de ABS e EBD a torna segura em todas as condições de utilização.
Vale ainda lembrar que a posição de dirigir é agradável, graças à ampla possibilidade de regulagem de altura do volante, a visibilidade geral é boa, os sensores de estacionamento traseiros são bem-vindos (isto vale para qualquer carro), o painel permite clara e imediata visualização, e a impressão geral é positiva. Aliás, se formos recordar a relação custo-benefício (este J3S custa 37.490 reais), é muito difícil, quase impossível, obter mais pelo mesmo preço…