Diz um velho ditado, ainda bem atual, que “a vingança é um prato que se come frio”. Para o recém despedido técnico do São Paulo, Ney Franco, não foi preciso esperar nada, sua “vingança”, claramente esportiva e pessoal, foi um prato servido bem quente, apenas saído do forno.
O São Paulo, entregue às mãos de Paulo Autuori como o Messias que poria tudo no lugar num toque de varinha mágica, mostrou, frente ao Vitória, os erros de sempre e teve que amargar a quinta derrota consecutiva. Isso sem poder reclamar de nada, pois tivesse o time baiano um pouco mais de pontaria e a derrota teria sido catastrófica. Ficou evidente que se trata de um grupo em crise de identidade, em que poucos, como o capitão Rogerio, conseguem se salvar e onde não se vê, a curto prazo, uma forma de reabilitação. E, por ora, o tricololor se encontra flertando com a zona de rebaixamento, da qual dista um mísero e único ponto.
Em minha opinião, o futuro passa, com o elenco atual, inicialmente por uma fase de recuperação psicológica e logo depois, (ou, quem sabe, contemporaneamente, numa relação de causa e efeito) por uma profunda mudança tática.
Não se pode pensar, por exemplo, em utilizar o experiente Lúcio como o São Paulo vem fazendo, já que seu melhor aproveitamento é, em minha opinião, como líbero, atrás de dois bons marcadores. E sem qualquer obrigação de sair, com a bola nos pés, para começar a jogada ofensiva, já que isso acaba desarmando o setor defensivo, o maior problema evidenciado pelo tricolor até aqui.
O outro problema que salta aos olhos é a recuperação de Ganso que domingo, mesmo sem a presença de Jadson, não conseguiu ser o “maestro” que o São Paulo sonhou ter ao contrata-lo junto ao Santos. Encaixa-lo no time, sem desfigurar o esquema tático, que na verdade não necessitaria dele, é um dos desafios que Autuori terá que pela frente. Pois é impossível, neste momento, pensar em vende-lo, sem perder muito dinheiro. Além de que isso representaria confessar publicamente o erro cometido pelos dirigentes, coisa que raramente acontece… como a demissão de Ney Franco mostrou, uma vez mais. Pois quem deveria ter-se demitido foi quem o escolheu, se entendeu que o trabalho do técnico não foi o esperado.