As duas últimas apresentações da seleção, frente a Inglaterra e França, induzem a um moderado otimismo pois o time está assumindo a “cara” de Scolari. E isto é o que se pode desejar, pois, ao escolher um técnico, adotam-se também suas ideias e seus métodos de trabalhos, elementos indispensáveis para o sucesso.
Este sistema é, em parte, influenciado por Parreira, que tem certa identidade de opiniões com Scolari mas sem que isso seja total e incondicionado, como ocorre, por exemplo, com o fiel escudeiro Murtosa.
Assim podemos racionalmente pensar, pelo que vimos até aqui, numa seleção dotada de um forte poderio defensivo (não consigo imaginar, nem em sonho, um time de Scolari com a defesa aberta), aliado a uma boa marcação no meio de campo e – esperamos – com a necessária criatividade ofensiva para marcar gols.
Contra a Inglaterra o Brasil, sobretudo nos primeiros 40 minutos, criou várias chances de gol mas não as converteu enquanto frente à França, com menor número de oportunidades, conseguiu se fazer presente no placar. O fato de um erro de arbitragem ter propiciado a abertura da contagem é contingente e próprio do futebol, amanhã poderá se verificar a dano do Brasil e tudo continuará na mesma, já que os árbitros são seres humanos como todos nós, sujeitos a erros e aceitáveis, desde que não haja a suspeição de má fé.
Minha posição de um moderado otimismo (e aqui vai a justificação) deve-se ao atual panorama do futebol brasileiro no contexto mundial. Esta seleção de Scolari é o reflexo de uma geração futebolística que não é ótima, mas nem por isso chega a ser medíocre. Em suma, não será nunca a seleção de 1970, mas também não chegará a níveis tão baixos como alguns exemplos que prefiro nem lembrar.
Se me permitem a comparação, é como um vinho, digamos o Brunello di Montalcino. Existem raros anos ótimos, que merecem as 5 estrelas, alguns de 4, outros de 3 e até mesmo alguns que só levam 2. Isto devido principalmente às condições sazonais, chuvas, frio fora de hora, etc. No esporte a coisa é mais complexa, pois ninguém até hoje conseguiu explicar o surgimento de um ou mais fora-de-série, às vezes completamente fora do contexto. Como aconteceu aqui no tênis feminino, geralmente modesto, mas que teve uma excepcional Maria Esther Bueno.
O fato, indiscutível como todos os fatos, é que isso ocorre e atualmente, no mundo todo, não existe um país com uma geração excepcional, talvez a Espanha tenha sido a que mais agradou e continua agradando, embora aproximando-se da fase descendente. Assim o Brasil, embora sem uma seleção excelente, pode perfeitamente encarar todas as demais, tanto agora na Copa das Confederações como no ano vindouro na Copa do Mundo. Que vença, ou não, só os deuses do futebol é que sabem!