Um interessante estudo da Pluri Consultoria, uma das mais conceituadas empresas do gênero no mundo todo, mostra uma realidade aberrante: quase todos os clubes brasileiros apresentam dívidas. E, quando para resolver o problema, o Governo da época instituiu, em 2007, uma lei que permitia aos clubes aderirem a um programa de parcelamento de dívidas tributárias, do FGTS e INSS, essas dívidas que estavam em atraso foram parceladas em 20 anos e vinculadas a um concurso de loterias denominado Timemania.
Cabe, antes de mais nada, ressaltar o absurdo da situação. Pois se qualquer um de nós, por exemplo dono de uma microempresa, tiver uma dívida fiscal, suponhamos devido ao não recolhimento do FGTS, estará seriamente ameaçado de ir para a cadeia. E aos responsáveis pelos clubes de futebol nada aconteceu, nem – infelizmente – acontecerá. Mais do que isso, gozaram de um parcelamento de suas dívidas em 20 anos!
A isso se soma o fato de que a tal Timemania, como era fácil prever, foi um fracasso completo, o que só fez aumentar ainda mais a dívida dos clubes, atingindo, no ano passado, a astronômica quantia de 1,41 bilhões de reais. Dinheiro esse, já que se trata de não recolhimento de FGTS, INSS e outras dívidas fiscais, roubado de nossos bolsos, como fariam ladrões na calada da noite!
E agora vem o Ministério dos Esportes que, não apenas não trabalha para levar os responsáveis por esse escárnio à cadeia, mas está preparando um projeto de anistia da dívida dos clubes. E cabe a pergunta: se na minha microempresa eu deixar de depositar o FGTS de meus funcionários, e embolsar a quantia, vou ser anistiado ou vou para a cadeia? O que vocês acham que aconteceria?