O amistoso do Brasil frente à Bolívia pode ser visto de dois pontos bem distintos. O normal, o de um jogo de futebol, em que o Brasil mostrou absoluta superioridade sobre seu adversário, vencendo comodamente por 4 a 0 e deixando a clara impressão que, se fosse necessário, teria marcado outros gols.
Neste contexto a colocação de Ronaldinho solto, no meio, armando as jogadas e indo à frente quando o julgasse oportuno, foi positiva e oferece a Scolari material de reflexão com relação ao futuro. Futuro que envolve também Leandro Damião, um avante interessante e que certamente está nos planos do técnico. Pelo resto, a diferença de categoria poucos ensinamentos trouxe e a utilidade do jogo centrou-se principalmente em poder reunir uma vez mais o grupo dos que atuam por aqui.
O ouro ponto de observação foge um pouco do futebol jogado, e se volta para as manobras de bastidores. Quando se confirmou este amistoso, o presidente Marin afirmou, entre outras declarações de apoio e solidariedade à família do garoto morto no famoso jogo da Libertadores, que toda a renda da partida iria para a família de Kevin. E isto, em minha opinião, dava um pouco de dignidade a um jogo que esportivamente nada representava.
Foi assim que li, com enorme decepção, no “Estado de S.Paulo” deste sábado que, feitas todas as contas, retiradas taxas, impostos, cotas das duas seleções e todas as damais despesas que sempre aparecem, vão sobrar cerca de US$ 160 mil. E, dessa soma, uma parte será dada aos remanescentes da equipe boliviana que, no longínquo ano de 1963, sagrou-se campeã sul-americana. Enfim, no final da história talvez vão sobrar uns trocados para a família do garoto…
Teria sido papel digno da CBF dar diretamente uma quantia em dinheiro aos familiares de Kevin, afinal de contas morto por um torcedor brasileiro, ao envés de arranjar este que, para mil, só pode ser definido como “O Jogo da Esmola !”.
O Jogo da Esmola !
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