São muitas as polêmicas que acompanham este momento do São Paulo, líder do campeonato paulista mas ameaçado de eliminação já na fase de grupos da Libertadores, duas situações opostas e antagônicas que representam excelente material para discusssões de todo tipo.
Deixando de lado isso tudo, pode-se esperar que a direção do tricolor não tome nenhuma medida antes que a sorte do time na Libertadores esteja matematicamente definida. Aí, dependendo do desfecho, poderá pensar em confirmar o atual técnico Ney Franco ou troca-lo por outro, já que nunca um dirigente assume ônus de ter contratado o técnico errado ou de ter super-avaliado a qualidade do próprio elenco. É muito mais fácil descarregar todos os problemas e eventuais frustrações nas costas sempre largas do técnico que tomar medida eventualmente mais lógicas e racionais.
Isso, aliás, explica, de certa forma, os elevadissimos salários que os técnicos de primeira e segunda linha recebem, absolutamente desproporcionados ao que pode ganhar um cirugião, um engenheiro ou um advogado, apenas para citar as três categorias profissionais que primeiro me vieram à mente. Mas é verdade que nenhum desses profisionais está ameaçado de dispensa antes da hora, enquanto o salário do técnico de futebol é realmente um “salário do medo”, como o famoso filme francês de 1953, “Le salaire de la peur”, dirigido por Henri-Georges Clouzot e tendo como ator principal Yves Montand, em que se retratava a saga dos motoristas de caminhões que transportavam explosivos.
E, convenhamos, um “salário do medo” deve ser forçosamente bem maior do que o nosso, pobres mortais…