O Campeonato Mundial começou deixando claro que os novos pneus Pirelli, concebidos para terem menor durabilidade, ainda não foram completamente entendidos por todas as equipes. Quem foi a melhor nisso, no caso a Lotus, ganhou merecidamente o GP, talvez na melhor prova já disputada, em toda sua carreira, pelo finlandês Raikkonen que completou assim um “come-back” sensacional já desde o ano passado e propõe, como subfundo, um impedoso paralelo com Schumacher.
Voltando ao GP da Austrália, os treinos de 6ª e sábado tinham dado a impressão de uma absoluta superioridade da Red Bull, capaz de colocar seus dois pilotos na primeira fileira, com 6/10 de vantagem sobre a Mercedes de Hamilton, autor, na classificação, de uma volta voadora. E 1 segundo sobre a Ferrari, além de uma vantagem ainda maior sobre o futuro vencedor, Raikkonen, que ficou em 7º com sua Lotus.
Na corrida, porém o que se viu foi completamente diferente. Após o pulo inicial, Vettel começou a sofrer com o prematuro desgaste de seus pneus, tanto que o box o chamou para a primeira troca logo na 5ª volta, seguido, na 6ª, pelo companheiro Webber, que tinha largado mal. Massa, que tinha tido um início de corrida sensacional, foi chamado pelo box Ferrari para a primeira troca na 7ª volta, e aí perdeu cerca de 2 segundos para Vettel. Alonso o seguiu logo depois, e os demais fizeram mais ou menos o mesmo.
O momento decisivo do Gp ocorreu, porém, no segundo pit-stop. A Ferrari, numa decisão que se revelou feliz, na 20ª volta chamou Alonso para a troca, e, numa decisão que acabou sendo infeliz, deixou na pista Massa até a 23ª volta. Tivesse chamado o brasileiro para a troca logo após Alonso, muito provavelmente hoje Massa estaria festejando um pódio, que teria sido mais que merecido, pois foi nessa parada que ele perdeu duas posições. A explicação do box é que Massa tinha pista livre enquanto, se tivesse sido chamado antes, poderia voltar junto com vários outros carros e ter sua corrida comprometida. E fica-me a dúvida se a Ferrari não pensou, naquele momento, em mudar sua tática e levar Massa a fazer apenas duas paradas, como fez o vencedor Raikkonen.
Isso tudo, claramente, são apenas suposições. Raciocinando na hora, a equipe da Jovem Pan entendeu que a ideia de chamar Massa logo após Alonso teria sido a melhor, enquanto o box da Ferrari, com muitos outros parâmetros à disposição para tomar a decisão, entendeu de outra forma. Pessoalmente entendo que a Ferrari poderia ter tentado outra tática, mas antes de iniciar a volta 22 tinha fico claro que o melhor era parar logo. Com isso acredito que o terceiro lugar, à frente de Vettel, teria sido um objetivo perfeitamente ao alcance do piloto brasileiro.
Com relação às equipes, se a Red Bull de certa forma decepcionou enquanto Lotus e Ferrari estiveram à altura do esperado, a Mercedes mostrou um bom potencial, embora tenha ainda que mostrar se o problema mecânico de Rosberg foi episódico ou reflita algo mais grave. A grande surpresa, de toda forma, foi o problema de pneus enfrentado pela McLaren. Com um eixo traseiro que não tinha muita aderência, seus pneus de trás sofriam rapidíssimo desgaste, coisa que deverá ser corrigida o quanto antes para que o time de Ron Dennis, que ainda por cima perdeu seu melhor piloto para a Mercedes, possa lutar com os outros times de ponta.
O Mundial começou assim com uma corrida sensacional… se as demais 18 tiverem um “script” semelhante, teremos um campeonato ainda mais emocionante que o, já ótimo, do ano passado. De qualquer forma, domingo tem mais, lembrando que este ano, para vencer, não basta ter o carro mais veloz, é necessário também saber desfrutar de forma otimizada os pneus.