Quando Pato foi contratado pelo Corinthians, num negócio ousado mas promissor, logo se imaginou que o garoto (afinal tem apenas 23 anos) viria para ser titular absoluto, tanto que as especulações se concentraram em tentar adivinhar quem sairia do time campeão mundial para dar-lhe lugar. E essa condição, aliás, é indispensável para o sucesso do projeto de marketing ligado à sua chegada ao Parque São Jorge.
Panorama semelhante ocorreu com Ganso no São Paulo, só que no Morumby parecia já de antemão determinado que a perder sua condição de titular seria Jadson. Ocorre que, ao se efetuar tal substituição, o time perdeu rendimento e ficou claro, para Ney Franco e para muita gente mais, que nesta fase Ganso é apenas o reserva de Jadson. E fazer atuar os dois juntos significaria por a perder um esquema que vem dando certo em proveito de outro que exigiria, para um teste conclusivo, um bom período (pelo menos uns dois meses) de treinos. Assim Ganso tem sido utilizado em momentos particulares dos jogos estando longe de poder justificar o vulto financeiro de sua contratação e ser utilizado como elemento de marketing.
No Corinthians, como se viu domingo em Pacaembu, Pato vem sendo usado em momento específicos, quando ocorre mudar taticamente um jogo, mesmo correndo riscos defensivos pela redução do poder de marcação. Mas é muito dificil que ele possa atualmente ser escalado como titular, desde o início de um jogo, pois taticamente não se pode apenas tirar um jogador (no caso o mais provável seria Jorge Henrique) e colocar Pato.
Seria necessário alterar profundamente um esquema que vem dando certo (não foi por acaso que o Corinthians conseguiu ultimamente tantos triunfos), para jogar com três homens na frente, sendo que Pato não pode voltar para marcar. Ou então, numa mudança ainda mais ampla, passar a um 4-4-2, com Guerreiro e Pato na frente. Mas tirar Emerson do time não é tarefa fácil, pelo que comportaria como desequilíbrio tático, além de certamente quebrar a harmonia do vestiário. E tirar Guerrero significaria renunciar àquele homem de frente que Tite tanto (e com razão) quis, para dar outra feição tática ao Corinthians.
Em suma, Pato e Ganso são dois grandes jogadores. E quanto a isso não há discussão. Mas, neste momento, representam “pepinos” táticos que devem atormentar Tite e Ney Franco.