O Corinthians jogará com portões fechados nos próximos 60 dias, até que o Tribunal de Disciplina da Comebol defina como resolver o problema criado pela morte do garoto boliviano em Oruro, quando do jogo do alvinegro frente ao San José.
A decisão claramente foi tomada sob o impacto da repercussão do acontecimento e baseou-se no relatório do árbitro, além do desejo da Conmebol de mostrar que agora, no plano disciplinar, as coisas mudaram. O novo Codigo Disciplinar da entidade, com efeito, foi criado recentemente para apagar a imagem de que, nas competições continentais como a Libertadores e a Sul-Americana, vale tudo em termos disciplinares. E este é um teste decisivo para ilustrar (ou desmentir) o fato de que estamos vivendo um novo tempo.
A este respeito eu já tinha uma dúvida, criada quando no episódio da briga entre São Paulo e Tigre, na final da Copa Sul-Americana, e que até agora não teve qualquer definição por parte da Conmebol. Dando a impressão de que, como tantos casos ocorridos no passado, recente e remoto, a entidade desejasse “engavetar” tudo e deixar que a poeira do esquecimento fizesse, como sempre, seu trabalho. Pois, em qualquer incidente, é impossível que ninguém seja culpado, e o caso São Paulo x Tigre está caminhando nesse rumo… a menos que, agora, haja uma reviravolta.
Condenando-se o ato de quem atirou o sinalizador, deve-se torcer para que o responsável seja encontrado e punido. E se, com base na morte de um inocente, o futebol continental encontrar uma definição disciplinar à altura das necessidades de uma sociedade, que parece ter transformado aquilo que outrora era um esporte num momento de reafirmação pessoal e eventualmente revanche contra o destino, este lutuoso evento terá tido alguma conseqüência positiva.
Mas, com toda sinceridade, não acredito nisso.