As polêmicas sobre as arbitragem, que se acirraram, como era esperado, nesta fase final do campeonato brasileiro são a indireta conseqüência da presença da TV nos estádios.
Qualquer lance hoje pode ser examinado (e discutido) horas a fio, graças às imagens de dezenas de câmaras, espalhadas por todos os lados. E, muitas vezes, a conclusão é desfavorável ao árbitro. Isso sem pensar na paixão clubística, que freqüentemente leva a conclusões apressadas ou origina, em muitos meios de comunicação, comentários que querem refletir a opinião popular e, com isso, ganhar maior audiência.
Raramente se lembra que o árbitro tem apenas uma fração de segundo para decidir o lance e que nem sempre a colaboração de seus auxiliares é imediata e positiva. Além do fato dele se situar no mesmo nível visual dos jogadores, enquanto as câmaras de TV podem estar (e na maior parte dos casos efetivamente estão) num plano mais alto, proporcionando um diferente campo de visão.
A esta situação objetivamente difícil se soma o peso do erro. Para qualquer árbitro, errar contra um pequeno não tem a mesma importância que errar contra um grande. E isto, com as inevitáveis repercussões mediáticas, pode influenciar negativamente a carreira de um árbitro.
Trata-se, aliás, de um fenômeno presente, em maior ou menor grau, no mundo todo. Na Itália, eu vi, ainda recentemente, um erro contra um clube grande ser objeto de violentas polêmicas durante toda a semana. Enquanto erro parecido, mas cometido contra um clube pequeno, logo era esquecido pela mídia e lembrado apenas pelos torcedores do time prejudicado.
Assim tem toda razão os árbitros a lamentarem os bons tempos do passado, quando a TV ainda não existia, e era sempre a palavra deles contra a dos críticos…