Errei. Errei clamorosamente ao indicar o claro favoritismo do Brasil nessa terceira final de um torneio olímpico de futebol após as de 1984 e 1988 quando o time nacional, embora com excelentes jogadores (Romario, por exemplo, marcou 6 gols em 1986), acabou ficando com a medalha de prata. E, no estádio de Wembley, a história se repetiu.
Se o futebol não fosse uma coisa tão importante para o torcedor brasileiro, poderia dizer que foi uma “peraltice” da equipe mexicana que, com seu centroavante Peralta marcou dois belos gols e levou sua seleção, pela primeira vez, a conquistar a medalha de ouro no futebol olímpico.
O jogo começou com uma grande surpresa. Quando não tinham passado 30 segundos, e a defesa brasileira ainda estava se posicionando, Peralta conseguiu concluir uma bela jogada pela esquerda e colocar no cantinho do goleiro Gabriel. Um gol que mudou taticamente todo o jogo, pois o Brasil, após uns 15 minutos de pane total em que quase sofreu um segundo gol, se re-encontrou, empurrou o México para seu campo e começou a pressionar. Até que aos 32 minutos o técnico Mano Menezes resolveu mudar o esquema, tirou AlexSandro e colocou Hulk, passando a um 4-3-3 bem ofensivo. E foi de Hulk a melhor conclusão a gol de todo o jogo, obrigando o goleiro Corona a uma dificil defesa.
No segundo tempo, com o passar dos minutos o time brasileiro começou a se enervar, ocorreram alguns erros de passes e aos 18, após superar Thigo Silva, o mexicano Fabian perdeu um gol, colocando a bola no travessão. Era o sinal de alarme, mostrando que o contragolpe adversário poderia decidir a partida. Mas Mano Menezes tinha que arriscar, e aos 25 minutos tirou Sandro para colocar Pato, mais um homem de frente. Era a substituição do desespero, quie tanto podia levar o Brasil a virar o jogo como a perde-lo de vez. E isto aconteceu quando, na meia hora, novamente Peralta, sozinho na área, cabeceiou à vontade para marcar o segundo gol. A vaca estava indo, lenta mas decididamente, para o brejo. Para o Brasil ficou ainda a consolação do gol de honra, marcado por Hulk aos 90 minutos, prelúdio de um desesperado assalto nos descontos. Um assalto baseada muito mais em garra e determinação do que em futebol.
Este, por sinal, foi o grande problema do Brasil. Boa presença ofensiva, mas seguidos erros nas conclusões, mostrando que mesmo jogadores cantados em prosa e verso, como Neymar, não conseguem resolver o jogo. E, para os que querem encontrar em Mano Menezes o responsável único, fica aqui o lembrete : o técnico não erra chutes a gol… E ainda teve o mérito, desafiando toda a descrença de uma torcida, de apostar no desconhecido (para o público brasileiro) Hulk, que acabou se revelando o mais eficiente de todos os avantes nacionais.