Terminados os Jogos Olímpicos de Londres, começou uma polêmica entre o Comité Olímpico Brasileiro e o Governo. O COB entendeu que a participação nacional em Londres foi amplamemnte positiva, pois obteve o recorde de medalhas, com um total de 17 (a marca anterior era de 15). O Governo, pelo contrário, achou que a 22.a colocação do Brasil foi pouca coisa em relação ao monte de dinheiro gasto e que deveria ter fica entre os 15 primeiros. Ambos os lados tem suas razões, e a discussão seria longa, pois acabaria envolvendo aspectos extra-esportivos.
O que merece realmente ser estudado é como aumentar sensivelmente o número de medalhas nos Jogos a serem realizados no Rio em 2016. Isso antes que o futebol retome seu lugar soberano e deixe qualquer análise deste tipo para mais tarde, certamente após a Copa de 2014.
Antes de mais nada vale prevêr que, no Rio, o Brasil vai ter um número de medalhas maior do que as 17 trazidas de Londres. E isso pela razão de que o país-sede (os números estão aí para confirmar) geralmente acaba ganhando mais medalhas do que consegue habitualmente.
Isso se deve a duas razões. A primeira é que, atuando em casa, muitos atletas se superam e conseguem resultados surpreendentes.
A segunda, e mais importante, é que, nos esportes onde o julgamento é confiado ao homem, o fator-casa sempre oferece uma ajuda importante aos atletas locais. Isto sempre aconteceu e não existe razão alguma para não se repetir no Rio. Assim, se um pugilista brasileiro chegar a uma final, o adversário terá muita dificuldade em levar a medalha de ouro, só vai consegui-lo se for muito melhor. E este é apenas um exemplo. Outros esportes que não dependem de trena ou cronometro seguem freqüentememnte o mesmo figurino.
De qualquer forma, uma inteligente programação prévia, investindo nos chamados esportes complementares, onde os disputantes são em menor número, oferece boas chanches de exito. E, no frigir dos ovos, uma medalha de ouro no badminton, por exemplo, tem o mesmo peso numérico da medalha de ouro dos 100 metros rasos. Embora, em minha opinião, sua importância seja infinitamente menor.
Um caminho para o futuro, mas certamente sem esperar resultados a médio prazo, é seguir o exemplo da Grã Bretanha. Nos Jogos Olímpicos de Atlanta, em 1996, a Grã Bretanha foi apenas a 36.ª colocada, com 1 medalha de ouro, 8 de prata e 6 de bronze, num total de 15. Isso, por sinal, a deixou bem atrás do Brasil, que foi 25º.
Mas o fracasso, para uma nação que tem, ao contrário do Brasil, um forte retrospecto olímpico, fez as autoridades britânicas investirem mais e mais cuidadosamente no esporte olímpico. E o resultado viu-se agora em 2012, com a Grã Bretanha 3.ª colocada, com nada menos que 29 medalhas de ouro, 17 de prata e 19 de bronze, num total de 65. Isto demorou 16 anos, e o ponto de partida era uma nação com larga tradição.
Para o Brasil, que não tem essa tradição e sempre luziu com algum astro que apareceu sem se saber ao certo como, o prazo seria certamente bem maior. E aí fica a dúvida em saber qual Governo aceitaria investir dinheiro e mais dinheiro sendo que os frutos seriam colhidos por outros, muito tempo depois.