As finais da Libertadores, em Pacaembu, e da Copa Brasil, na Arena Barueri, foram marcadas, fora de campo, por confusões com torcedores. Isto não representa novidade alguma e apenas ressalta a inadequação das praças esportivas para os eventos que nelas são programados.
Os fatos mais graves, pelo que se sabe, ocorreram em Barueri, com um maior número de pessoas feridas, mas o que surpreende é a desculpa quase que unanime apresentada pelos responsáveis (e aí incluo todos, federação, clubes e polícia) apontando como responsáveis os torcedores.
Exatamente os que sofreram a violência e que tinham, como principal objetivo, assistir a um jogo de futebol. Jogo para o qual é necessário adquirir ingresso, diga-se logo, antes que alguém possa pensar tratar-se de um espetáculo gratuito e portanto capaz de atrair multidões que não tem condições economicas de freqüentar um estádio.
A responsabilidade dos torcedores, de acordo com os que deveriam garantir que tudo funcionasse a contento é que eles deixam para entrar no estádio em cima da hora. Ora, qualquer pessoa que tenha estado (e cito apenas o primeiro exemplo que me vem à cabeça) no Santiago Bernabeu, em Madri, terá visto como o estádio, uma ou duas horas antes do jogo, parece que terá um público bem reduzido. E uns dez minutos antes do início do jogo, os torcedores aparecem, como um milagre, e muitas vezes o lotam.
Aqui, de acordo com os organizadores, isto não pode acontecer… mas ninguem, no ingresso que é vendido ao público, tem coragem (para não usar uma palavra de baixo calão) para imprimir um aviso do tipo “este ingresso só será valido para entrar no estádio até no máximo uma hora antes do inicio do jogo”. Já que não existem freqüentemente entradas e saidas em número suficiente para permitir fluxo e defluxo rápidos dos espectadores.
Esta história seria comica, se não fosse verdadeira, e mostra a razão pela qual, após ter sido praticamente obrigado a deixar em casa a família, que outrora podia acompanha-lo ao estádio (hoje só um maluco levaria mulher e filho pequeno a grandes jogos), até o torcedor está abandonando os estádio em prol de um mais comodo, bem mais barato, e sobretudo totalmente seguro, sofá frente à televisão.