O Corinthians, como um todo, é superior ao Boca e quem segue meus comentários pela Jovem Pan lembrará do prognóstico, emitido antes da final, de que haveria um empate na Bombonera e depois uma vitória em Pacaembu. Convicção que derivava de uma atenta análise das características de cada elenco, da forma de atuar dos dois times e, último mas não menos importante detalhe, da superioridade física do time alvinegro.
Superioridade essa que lhe permitiu, no jogo de ida, correr atrás do resultado, após o Boca ter marcado seu gol, e alcançar um empate que foi fundamental para a vitória em Pacaembu. Não que a eventual derrota de 1-0 lá não pudesse ser anulada depois aqui, mas o empate deu ao Corinthians a tranqüilidade necessária para ir buscar a vitória.
Foi isso que vimos na primeira fase, com 15 mimnutos iniciais de dominio de Boca no meio de campo, no ritmo lento que lhe convinha, e depois o Corinthians adiantando sua marcação no meio de campo e criando jogadas ofensivas em velocidade que, lentamente, empurraram para trás o Boca. Isto fez com que Riquelme tivesse que se posicionar mais atrás e a dupla ofensiva Mouche – Santiago Silva ficasse isolada na frente, até ambos serem obrigados a recuar para tentar compactar o meio de campo que, nessa altura, o Corinthians já dominava.
No intervalo era evidente que o Corinthians tinha tomado a direção das ações e que faltava apenas uma jogada mais acertada e mais habil para que surgisse o gol. Foi o que acontece com o passe de calcanhar de Danilo, após uma jogada de bate e rebate na área do Boca, para Emerson marcar. Nesse momento (era o oitavo minuto da segunda fase) o jogo estava decidido e claramente o Boca só chegaria ao empate num erro coletivo da defesa do Corinthians. Coisa improvável de acontecer.
Depois coube ao veterano Schiavi errar clamorosamente uma cobrança de falta no meio de campo, ao tentar um passe atrazado para inverter o lado do jogo que habilmente Emerson interceptou para fugir, superando em velocidade na corrida a dois adversários, rumo ao segundo gol. Era a pá de cal em qualquer resídua esperança que o Boca pudesse ter, esperança aliás não confortada pela diferença de estado atlético entre os dois times já claramente visivel na ocasião.
O sucesso do Corinthians, não apenas nesta final mas em todo seu invicto caminho na Libertadores, se deu sem a presença de um centroavante tradicional, que o Corinthians não tem em seu elenco. Isto obriga Tite a uma manobra ofensiva em que faz surgir, a cada momento, um elemento diverso na tentativa de chegar ao gol, com um desgaste logicamemte bem maior. E me leva a imaginar onde poderia chegar este Corinthians com um grande centroavante – um Ronaldo em sua melhor fase, por exemplo – envergando a camisa 9. Seria, em minha opinião, o melhor time do continente.