E finalmente teremos o esperado – e por muitos desejado – derby brasileiro nas semifinais da Libertadores. Mas se o Corinthians suou até os minutos finais para despachar o Vasco, para o Santos foi ainda pior, pois apenas nos penais é que mandou para casa o Velez.
O jogo foi muito interessante, para o observador neutro, do ponto de vista tático, com o argentino Gareca levando a melhor sobre Muricy. O comandante do Velez, ciente da inferioridade técnica de seu elenco frente ao Santos, resolveu armar uma marcação especial em Neymar. Uma especie de “caixote” que começava com Fernandez (um dos destaques do Velez juntamente com Martinez), continuava com Cubero na medida que Neymar avançava e era finalizada, com inteiro exito, pelo jovem Peruzzi.
Aliás este um jogador que talvez venha a solucionar o velho problema da lateral direita na seleção da Argentina. Cabe ressaltar que não se trata de uma novidade, Mourinho, dirigindo a Inter, tinha feito o mesmo, anos atrás, para eliminar o Barcelona nas semifinais da Champions League. E o “encaixado” tinha sido nada menos que Messi.
Após uns dez minutos de jogo, em que Fernandez levou um cartão amarelo de advertência, decidido pelo árbitro uruguaio Silvera para deixar clara sua intenção de não aceitar entradas mais violentas, ficou claro que Muricy deveria alterar seu esquema. E a alteração recomendavel era fazer Neymar mudar seguidamente de posição do Kardec, no tradicional X em que um iria da esquerda para a direita e o outro faria o percurso inverso.
A primeira vez em que isso foi tentato, ocorreu no fim do primeiro tempo, e provocou uma clara indecisão na marcação defensiva do Velez. Mas foi uma tentativa isolada, provavelmente ocasional, na qual, para minha surpresa, não se insistiu na segunda fase. A credito de Muricy fica a inclusão de Leo, aos 28º da fase final, uma mexida que acabou sendo decisiva para levar o Santos a marcar seu único gol. Enquanto a entrada de Renteria, embora taticamente correta, de nada adiantou, pois o jogador atuou mal.
Sempre no aspecto tático, falta ao Santos – e disso Muricy não tem culpa alguma – um centroavante atleticamente forte, capaz de atuar como pivô na área e eventualmente possibilitar o jogo aereo que o Santos ingenuamente tentou no momento do desespero. Alguém como o Adriano dos bons tempos, apenas para citar o primeiro que me vem à cabeça.
Dito isto, que me parece o lado mais interessante do jogo da Vila, vale lembrar que, de toda forma, o lance provavelmente decisivo do jogo foi a expulsão do goleiro Barovero. O árbitro tinha boa visão do lance e entendeu que houve agressão do goleiro em Neymar. Daí o cartão vermelho que, nessa ótica, era indiscutível. Mas um lance que – talvez – tivesse ocorrido em Buenos Aires, provavelmente teria sido concluido com falta e cartão amarelo para Neymar. A Libertadores, como sua história nos ensinou, é também feita destes detalhes…