Se você deixar de pagar impostos, vai ter muitos problemas. Seu nome irá para a lista de inadimplentes, depois outras providências legais serão tomadas pelo Governo, podendo chegar à exproprião e licitação pública de seus bens para que o Erário seja ressarcido. Enfim, uma tragédia que marcará para sempre sua vida.
Se você tiver uma empresa, sobretudo se for pequena ou média (para os grandes conglomerados sempre existe uma saida), e não pagar direitinho os impostos, os problemas irão se acumular. E, provavelmente, você acabará perdendo tudo o que tem.
São situações delicadas, dependendo de como ocorrerem podem até suscitar pena, mas, no fundo, as medidas legais obedecem a uma lógica rigorosa. Pagar os impostos é um dever para com a comunidade, se você não paga, alguém terá que pagar um pouco mais do devido (leia-se novos impostos) para tampar o buraco das contas públicas.
Neste panorama, existe, porém, uma clamorosa exceção. Se sua impresa se dedicar a vestir com uma camisa e um calção saudáveis garotões e lhes der como tarefa a de correr atrás de uma bola, pagar os impostos vira um hobby. Na prática, paga quem quer, e quando quer.
Isto pela razão de não haver um responsável por um clube de futebol. Seus dirigentes passam, fazem dívidas enormes, e a vida segue. O clube se torna um devedor contumaz e insolvente. E o dinheiro que seria de todos nós, a começar pelo FGTS, some, em que pese o fato disto constituir um crime que poderia levar até à prisão.
Estas considerações me ocorreram ao ler, nas últimas semanas, interessantes trabalhos realizados pela PLURI Consultoria, uma empresa de Curitiba especializada em pesquisa, gestão e marketing esportivo. Num deles, se lê – em extrema síntese – que os 14 clubes com maior receita do Brasil devem cerca de R$ 1,9 BILHÕES em impostos e contribuições não recolhidas. Um absurdo, pois isso representa dinheiro tirado – indiretamente – do bolso de todos nós.
Como não existe, juridicamente, um responsável por cada clube, a farra é total. Levando-me a considerar que somente a urgente transformação dos clubes de futebol em sociedades anônimas, onde, por lei, existe um responsável legal, que pode até pagar com os próprios bens, resolveria, a longo prazo o problema. E, possivelmente, acabarimos vendo uma interessante mudança de atitude. Todos os cartolas que juram estarem sacrificando seus tempo em pról do clube do coração, quando postos à frente da responsabilidade direta dos próprios atos, mudariam de idéia. E a presidência de um clube de futebol não mais seria um cargo altamente ambicionado mas, talvez, algo a ser cuidadosamente evitado… por parte desse bando de irresponsáveis e perdulários caloteiros que infesta nosso futebol.