Em poucos dias o Barcelona perdeu os dois mais importantes objetivos de sua temporada. Antes o campeonato espanhol, derrotado que foi pelo Real Madrid no Camp Nou e agora amargando um atrazo praticamente definitivo, pois faltam apenas quatro rodadas ao término do certame.
Depois foi a derrota mais amarga, a eliminação, em semifinal, na Champions League por obra de um Chelsea que, tecnicamente, lhe é inferior. Mas que soube, tanto no jogo de ida em Londres como no da volta em Barcelona, capitalizar ao máximo as poucas oportunidades de gol que teve. E assim tirou o favorito Barcelona de seu caminho rumo à final de Munique, a 19 de maio.
Antes de um julgamento precipitado, determinado apenas pelos resultados, vale lembrar dois detalhes. O primeiro diz respeito aos problemas físicos que atormentam Messi e Xavi, duas peças fundamentais no esquema de Guardiola. O argentino sofre de problemas nos músculos adutores, coisa que reduz sensivelmente seu rendimento, enquanto Xavi lamenta problemas no tendão de Aquiles, o que igualmente incide em seu rendimento em campo.
Assim, após ter marcado seguidamente em 10 jogos, Messi parou de fazer gols e Xavi não foi mais o mesmo excelente jogador.
O outro detalhe, e talvez o mais importante, é o esquema tático imposto por Guardiola. O técnico criou uma equipe ao redor de Messi, tirou de cena qualquer outro jogador que não se coadunasse com isso e ficou refém do argentino, para o qual, como é lógico, ele não tem substituto à altura. Os elementos da “cantera” servem quando podem entrar numa equipe que está jogando bem, como tem mostrado, por exemplo, Pedro, mas dificilmente conseguem ser decisivos. E aí surge a dúvida: não teria sido mais razoável ter um plano tático B, com um centroavante de referência, que permitisse ao Barcelona mudar seu estilo de jogo, abandonar a excessiva troca de passes, fazer cruzamentos altos para a área ou mesm enfiar bolas em profundidade?
Eu entendo que este foi – e é – o limite de Guardiola como técnico. Uma idéia tática à qual está agarrado qual náufrago ao colete salva-vidas e que, por exemplo, lhe impediu ficar com o Ibrahimovic. E não foi só pela dualidade de vaidades que se estabeleceria com Messi, mas sobretudo pela impossibilidade de encaixar o sueco num esquema de jogo baseado principalmente na exaustiva troca de passes que mal se adapta ao estilo de Ibrahimovic.
Assim pode-se entender que o futuro do Barcleona depende, agora, da contratação de 3 ou 4 jogadores de alto nível, antes de mais nada para reforçar a defesa e depois para ter válidas opções de jogo. Se isto for feito, o ciclo de Guardiola à testa do Barcelona tem tudo para continuar.