O campeonato é realmente muito equilibrado, a ponto de, nas quatro primeiras corridas, termos quatro vencedores diferentes e lutas muito acirradas por quase todas as posições. Foi assim também o Gp de Bahrein, que viu o sucesso do alemão Vettel e sua Red Bull praticamente de ponta a ponta, após no sábado ter dado um primeiro aviso de que suas chances de vitória eram concretas, ao conquistar sua primeira pole do ano.
Uma das explicações para este equilíbrio pode ser encontrada nos pneus Pirelli, cuja utilização tornou-se um verdadeiro quebra-cabeça para todos os estrategistas das varias equipes e o que se vê no sábado pode mudar drasticamente no domingo, desde que ocorra uma pequena alteração da temperatura da pista. Assim os 22º que tinham permitido à Mercedes dominar no GP da China, transformados nos 40º do GP de Bahrain, determinaram seu ko e o da McLaren, exaltando, pelo contrário, o desempenho não só da Red Bull como da Lotus e até mesmo da Force India.
A corrida de Vettel tomou um aspecto positivo loga na largada, quando o alemão conseguiu manter a ponta, chegando à frente dos demais na primeira curva. Foi o primeiro tijolinho de sua vitória, pois é claro que, com ar “limpo” à frente, os pneus tem um desgaste menor.
Com a temperatura elevada, a Lotus mostrou que consegue conservar por mais tempo os pneus e, somado a isso o fato de Raikkonen dispor de 4 jogos de pneus novos (economizados no treino de sabado ao não se classificar para o Q3), o finlandês disputou uma ótima prova, chegando até mesmo a lutar com Vettel pela vitória. Isto aconteceu notadamente na volta 34, quando, com pneus intermediarios novos enquanto Vettel tinha macios usados, tenhou a ultrapassagem, sem porém consegui-la. E os mecânicos de Vettel, trocando os pneus no último pit-stop (na volta 39) lhe deram ainda uma ajuda suplementar, levando-o de volta à pista antes de Raikkonen (3″6 contra 4″3). Aliás a luta pela vitória em minha opinião acabou aí, pois em igualdade de pneus (intermediários novos para ambos), o finlandês não mais conseguir chegar perto de Vettel para tentar a ultrapassagem, terminando a mais de 3 segundos de distância.
Cabe ainda destacar a boa prova da Force India pilotada por Di Resta, obtendo um inesperado 6º lugar, logo à frente de Alonso que, com uma Ferrari pouco competitiva, conseguiu marcar preciosos pontos e hoje, por incrível que possa parecer, se encontra a apenas 10 pontos do lider Vettel. Se a fábrica de Maranello lhe der, já no GP da Espanha, um carro competitivo, certamente Alonso terá condições de lutar pelo mundial.
Quanto aos brasileiros, Massa fez uma boa corrida, ficando bem perto de Alonso, após uma excelente largada em que recuperou muitas posições, enquanto Senna teve que abandonar no final, quando estava em 14º lugar, por problemas no sistema de freios. Parece-me mais provável, porém, que esta, ao contrário da explicação oficial da equipe, tenha sido uma decisão estratégica da Williams para poder mexer no carro, em função do próximo GP, sem sofrer punições.
Uma última observação diz respeito à conduta em pista de Rosberg, autor de duas manobras no limite em duelos com Hamilton antes e Alonso depois.
Em minha opinião foram coisas próprias de uma corrida, mesma conclusão a que chegaram, após nada menos que 3 horas de discussões, ouvindo os pilotos, os representantes das equipes envolvidas e examinando videos e telemetria, os comissários do GP. Assim Rosberg não sofreu qualquer punição.