Como se esperava, este vai ser um Campeonato Mundial diferente – e muito – dos dois últimos, em que a superioridade da Red Bull tirou qualquer dúvida quanto a seu desfecho.
O GP da Austrália, com efeito, mostrou uma McLaren no mesmo nível da Red Bull ou até mesmo um pouco à frente (isto será definido nas próximas corridas, já que um único GP não pode ser determinante nesse sentido). E a luta entre seus quatro pilotos promete muitas emoções.
Em Melbourne, um circuito onde Button parece encontrar-se bem à vontade, tanto que lá venceu em 3 dos últimos 4 GPs, o inglês soube uma vez mais (ele é um expert nisso) aproveitar ao máximo os pneus e estabelecer desde o início um ritmo bem rápido, forçando os adversários a um desgaste maior. E foi só a entrada da safety car (que não me agrada jamais e, em minha opinião, muitas vezes poderia ser evitada) que recolocou em discussão uma vitória até então perfeitamente desenhada. Além de possibilitar a Vettel uma ultrapassagem sobre Hamilton que, sem isso, talvez não teria ocorrido, dando assim ao atual bi-campeão mundial um segundo lugar, bem acima das previsões iniciais.
Bem atrás dos quatro primeiros, Alonso conseguiu levar a um ótimo (em função do desastre na classificação de sábado) quinto lugar uma Ferrari que tem claros problemas de projeto, problemas que talvez possam ser corrigidos mas que, se não o forem a curtíssimo prazo, isto é antes do início da fase européia, condenarão a marca de Maranello a mais uma temporada totalmente insatisfatória para as pretensões de seus dirigentes e de seus inúmeros torcedores espalhados pelo mundo todo.
Um discurso à parte merecem os dois pilotos brasileiros que estão tomando parte no mundial. Bruno Senna fez o que estava a seu alcance e a comparação com seu companheiro de equipe Maldonado é bem clara a respeito, sendo que a colisão com Massa, no final do GP, deve ser considerada como própria de uma disputa de posição.
Quanto a Massa, teve claros problemas com o balanceamento de seu carro, não conseguindo o equilíbrio necessário para evitar o prematuro desgaste dos pneus traseiros. E, como se viu em outras oportunidades, Massa não consegue ter bom desempenho quando em seu carro falta aderência.
Isto, em minha opinião, tem uma clara explicação técnica. Com a proibição do uso dos difusores “soprados” , a traseira dos carros perdeu pressão aerodinâmica e o baricentro deslocou-se bastante à frente. Aí o acerto do carro deve forçosamente mudar, coisa que Alonso conseguiu e Massa não. Se vai consegui-lo nos próximos GPs, é coisa que só Deus sabe !