Ao longo dos anos fiquei curioso pelo fato das montadoras aqui sediadas, não entrarem num nicho de mercado que julgo bem interessante, o do carro pequeno mas não despojado, muito pelo contrário com todos os opcionais de um sedan grande e luxuoso, o que permitiria ao feliz proprietário de um carro de tope, aqueles que começam com um motor V6 e vão até os raros V12, passando pelos tradicionais V8, usar, no dia a dia, um carro pequeno mas ágil e confortável no trânsito conturbado das nossas metrópoles. Deixando o sedan grande para viagens e fins de semana com a família.
Na Europa isto era comum e permitiu o aparecimento de verdadeiros ícones, como o Mini, algumas versões da Lancia e da Alfa, e outros ainda. Aqui tivemos algumas tentativas artesanais, como o Mini Dacon, por exemplo, mas não passou disso. E só recentemente, com a importação da Fiat 500, do Mini e do Smart, a proposta foi reapresentada e teve êxito.
Antes disso, no após guerra, na Italia tinha surgido o carro pequeno destinado a motorizar uma larga faixa de população, aquela que tinha sido conquistada por Vespa e Lambretta e que agora (falo do final da década de 50) queria chegar às quatro rodas. Supérfluo lembrar que, após um começo tímido, o Fiat 500 foi um retumbante sucesso.
Voltando à atual situação do mercado brasileiro, é possível prever que o Fiat 500, agora importado do México na versão que é vendida nos Estados Unidos e que difere em vários pontos da comercializada na Europa em função de diferentes exigências regulamentares, vá ganhar sua fatia de mercado. Exatamente como segundo ou até mesmo terceiro carro da família, ou como o carro que o proprietário vai usar no trânsito diário. Seu preço, mais baixo do que a versão inicialmente importada da Europa, em função do acordo comercial com o México e conseqüente inexistência da taxa de 35% cobrada pelo Brasil sobre os veículos fabricados no exterior, constituirá certamente o impulso final para que isto ocorra.