Eu quis esperar algumas horas, após a divulgação dos prêmios “Bola de Ouro”, para analisar mais profundamente o acontecido, observar as reações nos vários setores (votaram, além dos jornalistas como acontecia quando o prêmio era apenas da revista “France Football”, também os técnicos e capitães das equipes, como já faziam quando o prêmio era somente da FIFA) e tiram as minhas conclusões. A este respeito, aliás, quero lembrar que, como de hábito, estas são apenas minhas opiniões e que respeito profundamente os que pensam de maneira diferente. E apreciaria bastante que, os que pensam de forma diferente, se limitassem (como, felizmente, faz a absoluta maioria dos leitores deste blog) a manterem suas opiniões, sem cair na vulgaridade do insulto pessoal.
Isto posto, a primeira dedução deste “Bola de Ouro” edição conjunta France Football – FIFA, é que o desempenho na Copa do Mundo e também, embora em plano menor, na Champions, não é mais determinanate na atribuição do prêmio. Pelo contrário, é o que poderiamos chamar de “conjunto da obra”, ou, em palavras mais simples, a carreira e o potencial do jogador, a determinar a escolha. Neste aspecto, então, as escolhas de Messi, como melhor jogador, e de Mourinho, como melhor técnico, são óbvias. E a lembrança de que, em 2006, o italiano Cannavaro certamente não teria conquistado a “Bola de Ouro” se o atual critério estivesse em vigor, pois seu primeiro semestre tinha sido apenas regular.
Se, porém, como fizeram muitos jornalistas ao estabelecer suas previsões quanto aos mais prováveis vencedores, levassemos em consideração os critérios vigentes até a passada edição, a surpresa seria grande. Tão grande, por exemplo, como a do simpático Messi, que, quando Guardiola abre o envelope e anuncia seu nome, parece não acreditar. E mesmos os aplausos começam com um instante de atrazo, após a surpresa e o silencio iniciais. “Não…esperava”, balbucia Messi, que parece não acreditar no que acabou de ouvir, estremece, e vai buscar seu trofeu quase em transe.
A surpresa continua com a indicação do melhor técnico, em lugar de Del Bosque, Campeão do Mundo no comando da Espanha, aparece Mourinho, que, no fundo, tinha uma certa esperança de sucesso, após os triunfos do primeiro semestre na direção da Inter. Mas que, experiente, se limita a dizer “Eu o melhor do mundo ? Não, apenas o técnico do time que ganhou tudo”.
Se formos procurar nos detalhes, aparecem outras curiosidades. Entre os jogadores, a vitória de Messi é clamorosa : 22,65% dos votos. Se fosse um GP de F1 diria que chegou com uma volta de vantagem sobre o segundo, pois Iniesta ficou com 17,36% e Xavi com 16,48% enquanto Snaijder recebeu 14,48% e, em quinto, apareceu Forlan, com 7,61%. Neste último caso, seu valor de mercado certamente aumentará.
Mas é interessante destacar as divergências entre as categorias de votantes. Para a imprensa em geral (e eu me incluo nisso) o melhor em 2010 foi Snijder, que ficou pouco à frente de Inieste e Xavi. O holandês, junto com Milito, foi fator fundamental nos sucessos da Inter e, na Copa do Mundo, se deveu a ele a eliminação do Brasil. E não posso esquecer o magistral passe dele para Robben, na final da Copa, que o jogador do Bayern desperdiçou e, com ele, jogou fora a provável chance de título para os holandeses.
Quanto aos técnicos, a vitória de Mourinho foi marcada por 35,92% de votos contra 33,08% para Del Bosque. E o fato de Mourinho, convencido que não levaria o trofeu, só mudar de opinião à ultimissima hora (teriam ocorrido pressões de Blatter para isso ?), decidindo ir a Zürich tão tarde a ponto de perder a parte inicial da cerimônia, também surpreendeu
Enfim, nos bastidores do futebol internacional acontecem tantas coisas…
Messi e Mourinho : dois prêmios merecidos ?
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