Na história recente do futebol italiano, o brasileiro Leonardo tinha a etiqueta de homem-Milan. Jogou (e com sucesso) no time rubronegro milanês, foi dirigente do clube e, por fim, aceitou ser seu técnico, num momento muito delicado para o Milan. Nesta última função teve, em minha opinião, exito, conseguindo tirar de um grupo velho e desmotivado, resultados surpreendentes. E teve, coisa rarissima na história dos técnicos do Milan, coragem para enfrentar o dono do clube, Berlusconi, que é, entre outras coisas, metido a técnico “sabe-tudo”. Naturalmente isto azedou a relação entre os dois e Leonardo saiu, de cabeça erguida e com a consciência do dever cumprido.
Até aí, tudo normal. Mas agora Leonardo, após um período longe dos campos, recebeu o convite para dirigir a Inter, sucedendo assim a Benitez. E aceitou. O que o coloca numa posição delicada, frente a um desafio clamoroso. Para que se tenha uma idéia do que isto significa, imaginem Falcão tornando-se técnico do Gremio. Ou Tostão passando a dirigir o Atlético Mineiro.
Eu tenho muita curiosidade para acompanhar esta nova etapa da carreira de Leonardo, uma pessoa bem acima do nível médio do futebol, que poderia perfeitamente ser o homem-imagem da Inter no campo internacional, sucedendo assim ao falecido Facchetti, e que, na atual emergência, aceitou voltar ao banco de técnico. Embora sabidamente não seja este seu projeto de vida no futebol.
Pesssoalmente, tenho a impressão de que Leonardo vai se dar bem em sua nova função e que poderá obter bons resultados ainda na atual temporada, embora a Inter esteja mal no campeonato italiano, onde somou até aqui apenas 23 pontos, contra os 36 do lider Milan. Mas deve-se lembrar que a Inter deve ainda disputar 2 partidas atrasadas, e isto significa que poderia somar mais 6 pontos e ficar assim a 7 pontos do Milan, neste momento apontado, pela imprensa italiana, como o favorito para o título.