Encerrada a Copa do Mundo, pode-se começar a tirar algumas conclusões. A primeira é que venceu a seleção melhor, embora a Espanha tenha estado num nível abaixo da equipe que, em 2008, tão brilhantemente venceu o Campeonato Europeu. Culpa das contusões que tinham atingido homens-chave, como o centroavante Torres, ainda longe de total recuperação, ou o meio de campo Fabregas, em situação semelhante. Mas a superioridade da Espanha repousa, em minha opinião, na possibilidade de progresso que a equipe ainda tem. Uma possibilidade de ordem tática, se o técnico Del Bosque, um bonachão que lembra Vicente Feola, conseguir convencer seus jogadores de que gol feio vale tanto quanto gol bonito. E, em conseqüência, alternem, em suas jogadas ofensivas, o insistente toque de bola, para chegar a finalizar de dentro da área, a chutes de longa distância. Que ainda representam uma válida alternativa (e até agora não foi descoberta outra melhor) para furar qualquer retranca.
Como a Espanha tem vários jogadores com a necessária potência de chute para arriscar a finalização de longe, quando muitas vezes o goleiro tem sua visão tomada pelos muitos jogadores que estão à sua frente, a possibilidade de sucesso é clara e evidente. Assim a Espanha não apenas levou a Copa, mas deixou-me a sensação de que pode ainda evoluir.
A outra constatação é que o peso dos calendários, com uma sucessão cada ano maior de jogos, acaba por propiciar contusões, que se tornam graves sobretudo quando atingem jogadores importantes e incidem negativamente no rendimento da seleção à qual pertencem. Os exemplos foram muitos, desde o zagueiro inglês Rio Ferdinand ao goleiro italiano Buffon, apenas para citar os dois que primeiro me vieram à mente, e configuram um problema que não tem solução. Pois o futebol em alto nível deixou de ser esporte para se transformar, há tempos, numa colossal indústria, que deve faturar cada dia mais. E os jogadores são apenas as engrenagens que fazem a bola rolar…
Uma Copa de muitos ensinamentos
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